Terceira crítica brasileira de "Relíquias da Morte - Parte 1"

Terceira crítica brasileira de 'Relíquias da Morte - Parte 1' | Ordem da Fênix Brasileira
"Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1"
Crítica - 16 de novembro
Thiago Borbolla -
Judão



Eu não sei dizer o dia exato, mas lembro exatamente de quando em um sábado de Julho de 2007 eu fui até o shopping, numa livraria, comprar o meu exemplar de Harry Potter and the Deathly Hallows. Sim, em inglês, pois no domingo eu viajaria para a Comic-Con e, sinceramente, eu me recusava a tomar spoiler na cabeça. Ainda mais estando lá.

Comecei a ler o livro no avião, continuei lendo durante os dias que antecederam o evento. Depois que começou, eu também lia, mas sabe quando você tem oitocentas e oitenta e oito milhões de coisas na cabeça e nem presta lá muita atenção?

…e essa foi a única vez que eu li o livro.

Assisti recentemente Harry Potter e o Enigma do Príncipe e, dessa vez, não foi tão ruim quanto quando eu vi pela primeira. Ainda é um filme fraco. Me empolgou para Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte 1 o suficiente pra eu ir atrás do livro e tentar lê-lo em três dias.

Nem cheguei perto do livro. E acho que isso foi uma das melhores coisas que eu podia ter feito.

Pra mim, é bem simples: se um filme é uma adaptação, eu tento vê-lo primeiro como filme e depois como adaptação. Uma boa adaptação pra mim é aquela que transforma, no caso, um livro em um filme. Não tentam fazer do livro um filme — como nos dois primeiros, que são péssimos, como filmes. E como adaptação. E como fazer isso?

Bom, eu não sei fazer. Mas David Yates e Steve Kloves conseguiram fazer direitinho.

Não há uma só cena que a gente percebe que foi claramente colocada ali só porque tem no livro. Os pontos principais estão lá. E eu sei que estão, pois é basicamente isso que eu me lembro do livro. E ainda com a história tendo um ritmo sensacional, que faz parecer que as 2h26 são na verdade 40mins, sério… Harry Potter e as Relíquias da Morte é o melhor filme AND adaptação da franquia. E veja: eu nem tou falando “Parte 1″. ;)

Harry Potter…

Do primeiro ao último, os livros amadureceram, os filmes amadureceram, os leitores, os espectadores, os atores. As histórias se tornaram “adultas”, o pessoal que ia assistir ao primeiro filme como pré-adolescente hoje são maiores de idade. Mas os atores? Bom, enfim eu posso dizer que temos três atores.

Sim, amigos. Daniel Radcliffe, no último filme, conseguiu ser Harry Potter. O personagem ainda não é aquele dos livros, e agora já é tarde demais pra ser. Mas há humor, há emoção, há motivos suficientes para acreditar na sua interpretação. Há, de fato, um trio dessa vez. Há, de verdade, três melhores amigos capazes de arriscar absolutamente TUDO por essa amizade, em busca de Horcruxes, contra tudo e contra todos.

Rupert Grint melhorou o seu timing pra comédia e deixou de ter aquela cara de bobo, conseguindo usar o corpo pra se expressar também. A Emma Watson… Essa é atriz faz tempo. Tem um bom futuro pela frente. Tou até agora ecoando o choro e os gritos dela na minha cabeça… De verdade. É perturbador. E ela conseguiu.

E é engraçado — e culpa de David Yates, que agora teve MUITO mais tempo para desenvolver uma história tão violenta, tão profunda para esses personagens — que mesmo outros atores, que nunca foram lá muita coisa, tiveram chances de mostrar os motivos, pelo menos, pelos quais passaram nos testes. Até a Bonnie Wright está bem. Ela realmente parece ter tesão pelo Harry, que a beija com mais vontade que Scott beijou Ramona. OU SEJA… ;)

…e as Relíquias da Morte

O sétimo filme de Harry Potter finaliza uma saga que deu muito dinheiro a seus produtores, atores, ao estúdio, à sua criadora, J.K Rowling. Mas é uma saga — livro e filme — que colocou a fantasia de volta na mente de muita gente que nem lembrava mais o que era isso. Ou nem sequer sabia. Uma saga que fez muita gente ler. Sim, porque é isso. Fãs serão fãs sempre, do que for, e serão todos iguais, muitas vezes defendendo e comparando coisas que não precisam de defesa ou são incomparáveis.

Mas Harry Potter e as Relíquias da Morte está aí pra todos. Agradece, contemplando fãs, dos livros, dos filmes, da HISTÓRIA, que jamais conseguiram colocar outros rostos nos personagens principais das suas cabeças, com uma produção visualmente bonita, com uma história que tem tempo de ser contada, e adaptada ao seu tempo.

É o fim de uma história que não deveria terminar. É o fim de uma história do jeito que ela merece ser terminada. O fim de uma história que a gente fica feliz por ter acompanhado. Mesmo que ainda falte um filme. ;)

Agora me dá licença que eu vou lá pegar o livro e devorá-lo…