#225
Ouviram o clique da portinhola para cartas e o som da correspondência caindo no capacho da porta.
– Apanhe o correio, Duda – disse tio Válter por trás do jornal.
– Mande o Harry apanhar.
– Apanhe o correio, Harry.
– Mande o Duda apanhar.
– Cutuque ele com a bengala da Smeltings, Duda.
Harry se esquivou da bengala da Smeltings e foi apanhar o correio. Havia três coisas no capacho: um postal da irmã do tio Válter, Guida, que estava passando férias na ilha de Wight, um envelope pardo que parecia uma conta e – uma carta para Harry.
Harry apanhou-a e ficou olhando, o coração vibrando como um elástico gigante. Ninguém, jamais, em toda a sua vida, lhe escrevera. Quem escreveria? Ele não tinha amigos, nem outros parentes – não era sócio da biblioteca, de modo que jamais recebera sequer os bilhetes grosseiros pedindo a devolução de livros. Contudo, ali estava, uma carta, endereçada tão claramente que não podia haver engano.
Sr. H. Potter
O Armário sob a Escada
Rua dos Alfeneiros 4
Little Whinging
Surrey
O envelope era grosso e pesado, feito de pergaminho amarelado e endereçado com tinta verde-esmeralda. Não havia selo.
Quando virou o envelope, com a mão trêmula, Harry viu um lacre de cera púrpura com um brasão; um leão, uma águia, um texugo e uma cobra circulando uma grande letra "H".
Capítulo 3, As cartas de ninguém
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