Crítica de "Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald" #2

Crítica de 'Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald' #2 | Ordem da Fênix Brasileira
"Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald" tem trama arrastada e muitos fan services
Por Thiago Correia | Cultura e Ponto Final

Newt Scamander (Eddie Redmayne) está de volta em Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald, sequência de Animais Fantásticos e Onde Habitam (2016). Na nova aventura, Newt recebe a missão do jovem Alvo Dumbledore (Jude Law), que foi seu professor em Hogwarts, para enfrentar o bruxo das trevas Gerardo Grindelwald (Johnny Depp), que escapou da prisão da Macusa – o Congresso Mágico dos EUA – e deseja dividir o mundo entre os bruxos de sangue puro e os não-mágicos (trouxas). Além disso, Newt precisa encontrar Credence (Ezra Miller) antes de Grindelwald, que tem planos ambiciosos com o Obscurus para sua causa. Nessa jornada atrás de Credence, Newt se reencontra com Tina (Katherine Waterston), Queenie (Alison Sudol) e Jacob (Dan Fogler), além de seu antigo amor Leta Lestrange (Zoë Kravitz), que se casará com Theseus (Callum Turner), irmão de Newt.

O filme dirigido novamente por David Yates e com roteiro da autora da franquia de Harry Potter, J.K. Rowling, traz ainda mais elementos do mundo mágico às telonas. Somos apresentados a novos personagens, reencontramos com outros e temos também novos animais que dão o ar da graça, afinal, eles levam o título do longa. No que diz respeito à direção de David Yates, temos muita coisa boa. O diretor entrega ótimos takes dentro de uma fotografia linda e efeitos visuais bons.

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Em relação ao roteiro, temos alguns pontos a serem considerados. A cena de abertura é daquelas de tirar o fôlego e deixar qualquer potterhead de cabelo em pé. Mas, infelizmente, ela não dá o tom do filme, que é extremamente arrastado. Ao ampliar a trama em torno da família e origem de Credence, J.K. Rowling sacrifica boa parte da ação e de embates bruxos que poderiam ter no longa para “explicar” todos os pormenores da história do personagem. Explicar está entre aspas pelo simples fato de que, após o clímax, ainda ficam diversas interrogações na cabeça do telespectador do tipo "o que está acontecendo?".

Se ficamos confusos com a história de Credence, o mesmo não pode ser dito do relacionamento entre Dumbledore e Grindelwald. Os laços que vão além da amizade entre os dois são mostrados de forma sutil e deixa nas entrelinhas o porquê um não pode enfrentar o outro. Falando em Dumbledore, Jude Law encarna o personagem de forma magistral e cativante. Dessa vez dando cara a tapa, Johnny Depp entrega um Grindelwald muito caricato e imponente, que apresenta motivações plausíveis – mais que Voldemort – e tem o dom da palavra. Grindelwald parece um grande profeta, melhor que Voldemort quando o assunto é o discurso para atrair seguidores. Essa característica que Depp transpassa ao longo do filme, cria certa empatia e gosto pelo personagem.

Eddie Redmayne continua muito bem no papel de Newt, nos deixando apaixonados a cada cena com sua personalidade única. Katherine Waterston traz uma Tina mais segura de suas ações. Alison Sudol mostra as vulnerabilidades de Queenie, dando maior profundidade à sua personagem. Dan Fogler continua sendo o alívio cômico com o ótimo Jacob. Credence, interpretado pelo ótimo Ezra Miller, mostra um pouco mais de sobriedade e controle do Obscurus e promete ser uma figura ainda mais importante nos próximos longas.

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O filme entrega diversos fan service, como a aparição de Nicolau Flamel (Brontis Jodorowsky) e a pedra filosofal; a descoberta de que Nagini (Claudia Kim) era uma mulher antes de se tornar a cobra fiel de Voldemort (Nagini é um Maledictus, que segundo J.K. Rowling, é uma pessoa que carrega uma maldição no sangue que a transforma em um animal); o Espelho de Ojesed, que apareceu em Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001); o retorno ao Ministério da Magia Britânico e à Hogwarts, que é um dos momentos mais emocionantes do filme; entre outras referências que muitos fãs encontrarão em diversas partes do longa.

Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald é um bom filme, apesar do ritmo lento. Assim como o primeiro longa de 2016, Os Crimes de Grindelwald é apenas mais um filme introdutório. Portanto, trate-o dessa forma que a experiência em assisti-lo será proveitosa e sem possíveis frustrações. Além disso, por tudo que é apresentado na trama, o filme acaba se restringindo aos fãs da franquia Harry Potter. Por isso, conhecer minimamente questões relacionadas ao universo mágico é necessário para compreender o longa em sua totalidade. Animais Fantásticos: Os Crimes de Grindelwald deixa ainda mais aberta as possibilidades do que pode e deve acontecer nos próximos filmes – que terá o Rio de Janeiro como uma das cidades ambientadas. Esperamos e torcemos para que o terceiro não seja só mais uma introdução.