Sexta crítica brasileira de "Relíquias da Morte - Parte 1"

Sexta crítica brasileira de 'Relíquias da Morte - Parte 1' | Ordem da Fênix Brasileira
Crítica de "Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1"
Terra - novembro de 2010
Por Bruna Carolina Carvalho


Após seis filmes e nove anos de espera, os fãs de Harry Potter poderão conferir o começo do fim da saga em Harry Potter e as Relíquias da Morte - Parte 1. Agora, fora dos muros de Hogwarts e sem a guarda de Alvo Dumbledore, Harry (Daniel Radcliffe), junto com seus amigos, Rony Weasley (Rupert Grint) e Hermione Granger (Emma Watson), vai em busca das horcruxes de Voldemort - pedaços da alma do vilão das trevas alojados em objetos valiosos.

Apesar dos 146 minutos de filme, as cenas de ação mais eletrizantes deixam o espectador entretido na maior parte do tempo e, salvo alguns momentos, não chegam a cansar. Mais sombrio e com mais combates, a sétima parte da série é mais aterrorizante e fiel ao livro de J.K Rowling, em comparação às suas antecessoras.

Mesmo com os cuidados do roteirista Steve Kloves e do diretor David Yates em fazer uma correspondência quase matemática com a história original, os mais atentos sentirão falta de alguns detalhes, como o fato de Harry não estar disfarçado durante o casamento de Gui Weasley e Fleur Delacour, a ausência da capa de invisibilidade e, talvez, o mais importante: a superficialidade com que é tratada a biografia de Dumbledore. A luta do ex-diretor de Hogwarts com Grindelwald e alguns pormenores da família do poderoso bruxo foram deixados de lado na versão das telonas.

Amadurecidos, os três personagens centrais são mais complexos e foram melhor interpretados por Daniel Radcliffe e Emma Watson, em comparação aos outros filmes. Mas o destaque vai para Rupert Grint. Ainda responsável pelas piadas previsíveis e por deixar as cenas menos tensas, o Rony Weasley do sétimo filme sente ciúmes e raiva. Grint se saiu bem quando lhe foi exigida maior dramaticidade, principalmente na cena em que briga com Harry Potter e vai embora, deixando seu melhor amigo para trás com Hermione Granger.

O diretor também explorou cenas de suspense e sustos, comuns em thrillers de terror. Algumas delas fizeram com que os espectadores - até os mais adultos - pulassem de suas cadeiras no cinema. Há mais efeitos especiais neste novo filme do que nos outros, mas eles não chegam a poluir e sobrepor-se nem à história, nem à belíssima fotografia. Quando Hermione lê o conto dos três irmãos, que revela o que são as relíquias da morte, os efeitos gráficos utilizados são de muito bom gosto e se encaixam de maneira satisfatória na narrativa.

Talvez, o maior deslize de Yates foi ter se prolongado um pouco além do necessário nas cenas em que Harry e Hermione estiveram sozinhos. Apesar de, no livro, essa ser uma parte da história com ausência de conflitos, na versão cinematográfica, a passagem com falta de ação se tornou um pouco mais cansativa do que poderia ter sido.

O momento em que a história é cortada foi bem escolhido. Não permitiu que na primeira parte nada acontecesse e conseguiu deixar um suspense para julho de 2011, quando chega aos cinemas a segunda e derradeira parte. Aos que só acompanharam a história através das telonas, um aviso: todas as resoluções foram deixadas para o ano que vem.

O maniqueísmo excessivo da série de livros é bem marcado: quem é mal, é muito mal. Aparece em lugares escuros, com figurino horripilante e é debochado a todo o instante - destaques ao sanguinário Voldemort (Ralph Fiennes) e a obcecada Belatriz Lestrange (Helena Bonham Carter). Assim como em histórias infantis, quem é bom, é bom até demais. Não mata e é sempre complacente. Até aí, nada diferente do que a história de Harry Potter proporciona. No que lhe é exigido, o blockbuster atende e até supera as expectativas.